Mês passado comprei o livro “A Coragem de ser Imperfeito” de Brené Brown, que inclusive está nas indicações de presentes para o dia dos namorados, neste post. No livro, a autora fala que para vivermos plenamente, devemos ser vulneráveis.
Primeiramente, vamos à definição de vulnerabilidade: Brené define como “algo incerto, arriscado e que te expõe emocionalmente” e que o que nos impede de sermos vulneráveis é a vergonha, ou seja, o medo de não pertencer a um grupo. Há um capítulo inteiro só dedicado à vulnerabilidade masculina e nele, a autora lista o que faz com que faz os homens passem vergonha:
- Fracasso. No trabalho, nos esportes, no casamento, na cama.
- Ser errado.
- Sensação de ser defeituoso.
- Quando pensam que é fraco.
- Revelar fraqueza.
- Demonstrar medo.
- Ser visto como o cara que pode ser facilmente dominado.
- Ser criticado ou ridicularizado.
Esta lista e o que Brené diz no livro é o resultado de mais de dez anos entrevistando pessoas e pesquisando. Sendo assim, ela defende que, para sermos plenos, devemos viver com ousadia: aparecer e deixar que nos vejam. Em um contexto da vida masculina: ter a liberdade de chorar, expressar sentimentos, dizer “eu te amo”, demonstrar carinho. Mas também é ter coragem para pedir ajuda, levantar a mão quando necessário, entre outros.
Além do mais, muitos homens crescem com um machismo tóxico, que dita regras como: “homem não chora”, “Futebol é coisa de menino”, “marica”, “bicha”, “homens estão sempre no controle da situação”. Isso vai fazendo com que estes homens cresçam dentro de caixinhas que vão se tornando muito apertadas e uma hora não dá mais para ficar dentro.
Na Consultoria de Imagem
Trazendo para o contexto da Consultoria de Imagem, homens em sua maioria crescem com a ideia que Moda é coisa de menina. Então, eles crescem e ouvem as seguintes frases:
- “Mulher gosta de homem bem arrumado”
- “Homens bem vestidos ganham mais”
- “O sapato faz o homem”
- “Sua imagem diz muito sobre você”
E é difícil. Como disse Glória Kalil, “a moda pode parecer um bicho de sete cabeças para quem não é do meio”. Imagine para homens que devem se vestir todos os dias para transmitirem uma mensagem de adequação, credibilidade, confiança e respeito e não sabem como.
Uma das perguntas que faço durante a Consultoria de Imagem é “como se sente em relação ao seu estilo?”. E a reação imediata da maioria dos meus clientes é uma pausa dramática. Nunca ninguém fez essa pergunta a ele e a resposta não vem fácil.
Tanto medo. Por quê?
O mundo e o comportamento das pessoas está mudando. Quando estudamos tendências, por exemplo, não vemos determinada cor ou modelo de roupa que está vendendo mais, mas a seta que faz o consumidor comprar aquele produto.
Vemos macrotendência de comportamento de Diversidade crescendo muito. Isso inclui movimentos feministas, aceitação do próprio corpo, igualdade de gêneros, respeito à orientação sexual, cor de pele. Com este pensamento, a ideia de machismo cai por terra.
Hoje, esse homem que se expressa, é sensível e demonstra sentimentos, tem sido o mais admirado. É o homem que se permite ser vulnerável. Um exemplo: o final do BBB 20. Uma edição histórica do programa, que por conta da pandemia era praticamente o único conteúdo novo da TV.
O apresentador Tiago Leifert causou comoção ao chorar na final, virou assunto nos Trend Topics do Twitter e derreteu o coração de muita gente. Um homem que demonstra sua vulnerabilidade toca o nosso coração.
O que fazer?
Para os homens: está tudo bem pedir ajuda, está tudo bem ser vulnerável. É um sinal de coragem. Mulheres: pode ser difícil mudar algum pensamento ou bloqueio nos homens à sua volta. Às vezes a mudança pode ser sutil e partir de você, para que haja o efeito esperado no outro.
Desde que li o livro, estou experimentando ser mais vulnerável, mais exposto. E o resultado é um sentimento pleno, uma felicidade genuína. Mesmo quando estar vulnerável possa fazer com que o outro tenha uma reação negativa, você termina com um sentimento de dever cumprido. E vem a plenitude.
Espero que este post lhe faça pensar sobre vulnerabilidade, homens nos dias de hoje. O livro tem me feito repensar sobre muitas coisas. Fica aqui o meu convite.
Um abraço,
Nic Marçal